A campanha tem o intuito de conscientizar e alertar sobre o câncer de próstata
Setembro Amarelo, Outubro Rosa e Novembro Azul. Essas são as três campanhas que se sucedem perto do fim do ano e têm um objetivo em comum: alertar, conscientizar e prevenir males que muitas vezes são ignorados ou subestimados pela sociedade.
Com o Novembro Azul, ainda temos que lidar com mais uma questão que pode estar no caminho para a prevenção de uma doença tão perigosa quanto o câncer de próstata, que é a saúde do homem.
Por muito tempo, debater a saúde e os cuidados masculinos foi visto com certo preconceito e estereótipo, como se fossem questões exclusivamente femininas.
Hoje, o debate se tornou mais aberto, com muito mais homens entendendo a importância de cuidados essenciais e deixando de lado velhos preconceitos.
Mas, ainda assim, é provável que percorramos um longo caminho até que essa ideia ultrapassada seja deixada para sempre no passado.
Uma pesquisa chamada Um Novo Olhar Para a Saúde do Homem, realizada pelo Instituto Lado a Lado Pela Vida, mostrou que apenas 33% dos brasileiros têm o hábito de monitorar a saúde ao menos uma vez por ano.
Talvez o preconceito e os velhos costumes não sejam inteiramente responsáveis por números tão baixos quando se trata de um assunto importante como a saúde, mas, sem dúvidas, eles contribuem para uma negligência que pode custar a vida.
O câncer de próstata é, muitas vezes, uma doença silenciosa, que se desenvolve sem manifestar sintomas especiais.
O Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima que de 2020 a 2022 sejam diagnosticados 65.840 novos casos de câncer de próstata no Brasil, o que equivale a cerca de 63 novos casos a cada 100 mil homens.
A doença também tende a ser o segundo tipo mais mortal de câncer, ficando atrás apenas do câncer de pulmão.
No entanto, se trabalhada adequadamente, a prevenção à doença pode atuar de forma bastante eficiente, descobrindo o surgimento do câncer o quanto antes e reduzindo as taxas de mortalidade. E é aí que o Novembro Azul entra.
O início da campanha
A campanha Novembro Azul nasceu em 2003, na Austrália, originalmente chamada de “Movember”, que é a junção das palavras moustache (bigode) e november (novembro).
Ela foi criada por Travis Garone e Luke Slattery, que decidiram deixar o bigode crescer ao mesmo tempo que foram inspirados pela campanha da mãe de um colega que arrecadava fundos para mulheres com câncer de mama.
Como já estavam em novembro e no dia 17 do mesmo mês havia o Dia Mundial do Combate ao Câncer de Próstata, eles decidiram juntar todos os pontos e criar a campanha que hoje é conhecida como Novembro Azul.
Um ano depois foi criada a Movember Foundation, uma empresa que promovia campanhas de conscientização, prevenção e combate ao câncer de próstata, bem como arrecadava fundos para serem distribuídos para outras entidades da causa.
No Brasil, ela foi adotada oficialmente pelo Instituto Lado a Lado Pela Vida e pela Sociedade Brasileira de Urologia, em 2008, que também chegou com a campanha digital “Um toque, um drible”, a fim de difundir a importância do exame e derrubar os preconceitos sobre ele.
O Novembro Azul hoje
Assim como o Setembro Amarelo e o Outubro Rosa, o Novembro Azul tem a sua campanha caracterizada por suas respectivas cores – o azul do nome e o preto do bigode – em praticamente todas as peças de divulgação que vemos.
A maioria das campanhas são realizadas por ONGs e outras entidades envolvidas na causa. Neste ano, por parte do Ministério da Saúde, serão realizados webinários que visam tratar a importância do cuidado da saúde do homem, que também irão englobar outros temas além do câncer de próstata.
Por parte dos governos estaduais, como no Estado de São Paulo, as campanhas têm sido focadas no combate ao preconceito, como a atual “Troque o Preconceito Pela Vida”.
O alcance das campanhas também tem sido cada vez maior. Em 2018, o Instituto Lado a Lado Pela Vida realizou mais de 460 ações pelo Brasil e atingiu mais de 100 milhões de pessoas.
“Números assim refletem o crescimento da campanha e tornaram o Novembro Azul uma referência na missão de orientar a população masculina a cuidar melhor da saúde, impulsionando o movimento a entrar para o calendário nacional de prevenção”, disse a presidente do Instituto, Marlene Oliveira, em entrevista ao site da campanha.
O câncer de próstata
Segundo dados da Sociedade Americana de Câncer, o câncer de próstata é o segundo tipo mais comum da doença, ficando atrás do câncer de pele.
Geralmente, o aumento da próstata (hiperplasia) pode estar relacionado ao surgimento de um tumor, mas isso nem sempre pode de fato se confirmar em um câncer de próstata.
É por isso que o exame de toque é tão importante, pois pode fornecer os primeiros sinais do desenvolvimento de um câncer.
Depois, é realizado o PSA, sigla em inglês para Antígeno Prostático Específico, que é um exame para medir o nível da proteína do tecido prostático, podendo indicar ou não a presença de um tumor.
O câncer de próstata também tem maior probabilidade de se desenvolver em homens mais velhos e negros – ainda que não se saiba exatamente o porquê neste segundo.
Cerca de 6 entre 10 casos são diagnosticados em homens com 65 anos ou mais, e é raro em homens com menos de 40. A idade média no diagnóstico é de 66 anos.
O diagnóstico precoce
Ainda que seja relativamente comum em homens da terceira idade, o câncer de próstata tem uma alta taxa de cura quando diagnosticado ainda em seu início.
Segundo o Instituto Lado a Lado Pela Vida, as chances de cura são de mais de 90% quando os tratamentos são iniciados o quanto antes.
Atualmente, não existem meios comprovados de prevenir o câncer de próstata, mas entidades como a Sociedade Americana de Câncer e o Instituto Lado a Lado Pela Vida recomendam a prática de atividades físicas e alimentação adequada como fatores que tendem a reduzir o risco de surgimento da doença e até mesmo uma chance maior de sucesso no tratamento.
Se você quiser saber mais sobre a campanha e como pode ajudar, acesse o site https://www.ladoaladopelavida.org.br/participe-novembro-azul.