Saiba mais sobre essa campanha anual que ajuda a salvar milhares de vidas
Infelizmente, quando queremos falar sobre suicídio, o tema ainda é um tabu. São diversas construções sociais que envolvem o medo de julgamento e a vergonha, que contribuem para que esse problema ainda seja tratado com vista grossa por muitos.
Ao contrário do que a grande maioria das pessoas pensa, o suicídio não é esporádico e/ou atinge apenas pessoas de desordem psicológica e até mesmo vistas como “fracas” por recorrerem a essa trágica saída.
Esse é um problema social que afeta pessoas e famílias do mundo inteiro e que, inclusive, é possível notar um aumento de número de casos nos últimos anos.
Para termos uma ideia do quão grave é a situação, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), mais de 800 mil pessoas se suicidam todos os anos, o que nos dá uma média de uma morte desse tipo a cada 40 segundos.
Dentre elas, as mais atingidas são adolescentes e jovens adultos. É difícil buscar uma única razão para isso, mas a última década nos mostra que o número de suicídios aumentou 40% entre crianças e adolescentes de 10 a 14 anos. E entre os jovens de 15 a 19 anos, o crescimento foi de 33%, segundo os dados do Mapa da Violência.
Buscar entender os fatores que possam potencializar o suicídio e combatê-los em suas raízes através de políticas públicas é extremamente necessário.
No entanto, antes disso, precisamos ter um entendimento maior da situação e descobrir qual é o nosso papel nesse cenário.
É então que entra o Setembro Amarelo.
O que é o Setembro Amarelo?
O Setembro Amarelo é uma campanha mundial de prevenção ao suicídio.
Ela teve origem em 1994, nos Estados Unidos, quando Mike Emme, um jovem de apenas 17 anos, tirou a própria vida.
Na época, Mike possuía um Camaro amarelo do qual gostava muito. Em seu velório, os pais e amigos do jovem distribuíram cartões com frases de apoio para diversas pessoas que pudessem estar passando por problemas similares aos dele. Todos estavam amarrados com uma fita amarela como forma de homenagem.
O caso ganhou notoriedade, se espalhou e então foi criado o movimento em forma de campanha para a prevenção do suicídio, cujo qual até hoje o símbolo é uma fita amarela.
No Brasil, ele foi oficialmente aderido pelo Centro de Valorização da Vida (CVV), o Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) no ano de 2015.
Nos anos seguintes, a campanha foi ganhando força através de diversos usuários nas redes sociais, que postam e compartilham conteúdos a respeito do quão grave pode ser a situação, diminuindo o estigma sobre o assunto e trazendo à tona conversas que antes eram ignoradas.
Por falar em conversa, essa talvez seja uma das mais importantes frentes de combate ao suicídio.
Entendimento e empatia
Como dissemos acima, o suicídio é maior entre os jovens e ele pode estar associado a diversas causas.
Mas, sem dúvidas, podemos relacionar muitos deles a transtornos psicológicos e problemas emocionais.
Essas também são duas preocupações de saúde pública que não são tratadas como tal, o que colabora para o distanciamento da sociedade ao se deparar com esses problemas.
Logo, as pessoas que mais podem precisar de ajuda são aquelas que sofrem mais preconceito e distanciamento daquelas que teriam a capacidade de ajudá-las e até mesmo prevenir o suicídio.
O Setembro Amarelo visa, dentre outros objetivos, promover o debate sobre o assunto para que mais pessoas saibam identificar e saber como se comportar ao se deparar com pessoas que possam estar vulneráveis ao suicídio.
A empatia, o entendimento e o diálogo são fundamentais para que essas pessoas se sintam acolhidas e então possam iniciar um tratamento adequado e profissional para os problemas que enfrentam.
O que podemos fazer
A pandemia de coronavírus trouxe inúmeros problemas para nossa sociedade, e parece que ainda vai deixar marcas mais profundas.
Atualmente, especialistas comentam sobre o que será a quarta onda da pandemia: os problemas de saúde mental.
Os efeitos do isolamento social e privação de diversas atividades do cotidiano podem fazer com que muitas pessoas desenvolvam problemas como depressão, ansiedade, síndrome do pânico e outros, que podem estar diretamente associados ao suicídio.
Mais do que nunca, é nosso dever compreender a realidade que aflige essas pessoas e saber como conduzi-las para longe desse caminho.
Ainda segundo a OMS, mais de 90% dos casos de suicídio podem ser prevenidos.
É nessa hora que devemos entrar com a empatia, o entendimento e o diálogo, nos abster de julgamentos e guiar a pessoa em direção à ajuda especializada.
É válido lembrar que, nessas situações, nosso papel é limitado e não devemos tentar encontrar soluções – como a recuperação total da pessoa – que não estão ao nosso alcance. Isso pode ser ainda mais perigoso.
O ideal é estar disponível para essa pessoa, sem invadir seu espaço, e trabalhar junto a entidades especializadas, como o Centro de Valorização da Vida.
Caso conheça alguém que precise de ajuda, ligue para o 188 ou acesse o site https://www.cvv.org.br/.
Os serviços de atendimento estão disponíveis 24 horas por dia, são sigilosos e gratuitos.